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RESILIÊNCIA EMOCIONAL - Desenvolvendo Habilidades

POSTADO POR META | 24/07/2020

Retomando o que foi dito anteriormente sobre resiliência, na intenção de proteger nossos filhos, muito nos esforçamos para eliminar e suavizar os obstáculos que surgem em suas vidas. Tomando emprestada a comparação feita por Shantideva (famoso mestre budista), esse processo é inútil, pois não podemos revestir toda a terra com um forro de couro. Mas, em vez disso, podemos usar esse couro para envolver nossos pés, ou seja, confeccionando nossos próprios sapatinhos.
A ideia da confecção de sapatinhos exige uma mudança do padrão de pensamento que sai da noção de felicidade permanente em direção à saúde emocional.
Apesar da presença constante dos pais pairando em volta, sem sapatinhos as crianças tendem ao amadurecimento tardio, problemas de saúde mental, irresponsabilidade, impulsividade e comportamentos autodestrutivos, pois elas não sabem se autogerenciar e se adaptar às alternâncias das situações as quais experienciam. Os sapatinhos, no caso, dizem respeito a uma série de habilidades que, nos capacitam emocionalmente para contornar os obstáculos que surgem em nossas vidas.
Vamos agora a um exemplo prático de como podemos ajudar nossas crianças, através do espelhamento, validação e escuta reflexiva, a confeccionar seus próprios sapatinhos.
Filha: Eu odeio meus cabelos!
Mãe: Você parece chateada. (espelhamento)
F: Eu sou muito feia!
M: Aconteceu alguma coisa, meu amor? (mostrando interesse)
F: O João Lucas disse que gosta da Maria Alice. Eu não sou nem um pouco parecida com ela.
M: Parece frustrante. (validando os sentimentos da filha)
Você gosta do João Lucas?
F: Mais ou menos.
M: Como ele é?
F: Ele é o menino mais popular da sala, mas eu nem o conheço direito. Ele é bonitinho...
M: Parece uma situação difícil, querida. A Maria Alice é sua amiga?
F: Não, ela é a menina mais chata da sala.
M: O que você acha que vai fazer a respeito disso? (deixando a filha no controle da situação)
F: Nada, mas será que podemos sair pra tomar um sorvete hoje à noite?
M: Claro! Ótima ideia!
Podemos observar que a mãe focou na emoção da filha e não no conteúdo da preocupação, não se envolveu na situação. Depois ela espelhou os sentimentos da filha, mostrou interesse sem, no entanto, solucionar a questão. Deixou-a assumir o controle da solução do problema.
Ao espelharmos os sentimentos de nossos filhos, validá-los através de uma escuta reflexiva e deixá-los assumir o controle da solução do problema sem nos envolvermos na situação, eles desenvolverão, gradativamente, habilidades que os capacitarão para o autogerenciamento e adaptação emocional diante de situações adversas. De acordo com a terapeuta e autora do livro ?Educação Valente", a norte americana Krissy Pozatek, essas habilidades são:
- Gratificação adiada: habilidade para trabalhar em função de um objetivo definido sem uma recompensa imediata.
- Resolução de problemas: habilidade para deslocar-se de um determinado estado rumo a um objetivo mais desejado.
- Adaptabilidade: habilidade de lidar com perturbações inesperadas.
- Regulação emocional: habilidade para entrar e sair de diferentes estados e comportamentos.
- Tolerância ao sofrimento: habilidade de conviver com o desconforto.
- Motivação interna: Centro interno (em oposição ao externo) de controle que impulsiona o comportamento.
- Autodisciplina: capacidade de motivar a si próprio, independentemente do estado emocional.
- Aceitação da impermanência: consciência de que nada dura para sempre.
Dito isso, pensando no desenvolvimento emocional dos nossos filhos, a principal tarefa dos pais consiste em, diante de cada obstáculo, ajudá-los a desenvolver recursos internos para que possa contorná-los. Ou seja, ir confeccionando e, quando necessário, remendar seus próprios sapatinhos.

Fonte

Imagem: Escola foto criado por jcomp - br.freepik.com

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