Antes de falarmos da frustação nas crianças e como podemos ajudá-las a lidar com isso, vou começar trazendo uma reflexão para os adultos.

Na vida, nós somos frustrados o tempo todo por algo; não tem como passar por ela sem viver esse sentimento. A diferença entre nós (adultos) e as crianças é que pensamos saber lidar com isso, mas será mesmo?

Por exemplo, um adulto se prepara para uma viagem e tem sua chegada programada exatamente no horário do compromisso, 15h. Sua expectativa é que dará tudo certo. No meio do caminho, encontra um chamado ?barbeiro? que, por uma distração, encosta em seu carro e interrompe sua viagem. Pronto, o adulto está frustrado e, até aí, tudo bem, quem não ficaria? (Lembre-se do que falamos: frustração faz parte da vida). No momento da frustração, o adulto tem uma reação explosiva, grita com o homem que bateu em seu carro, cria uma grande confusão e atrasa ainda mais sua chegada ao destino. Quando mais calmo, consegue pensar que não precisava de tudo isso. Ou seja, ele teve uma reação ?ruim? diante da sua frustração.

Voltando para as crianças, é preciso entendermos que o que parece pouco para nós é muito para elas. A cabeça da boneca que saiu, o amigo que ia no passeio e não vai mais, a professora que não elogiou o seu desenho e diversas outras situações que, na cabeça do adulto, são bobas e que desencadeiam grandes reações nas crianças, são as frustrações delas. São a batida no carro para o adulto e têm a mesma proporção para um e para o outro.

Agora pense comigo: se alguém está com você no passageiro e, na hora em que você está bravo e tendo uma reação incompatível com o problema, adianta ele ficar do seu lado dizendo: ?Que besteira gritar por causa de um carro?, ?Engole o grito e segue viagem?? Será que não seria melhor, naquele momento, te ajudar a resolver o problema em vez de criticar sua atitude?

Pois é. Então vamos pensar em acolher a criança e ajudar a resolver aquele problema que, para ela, é muito grave e ela não está sabendo lidar. Eu vou com ela colar a cabeça da boneca e, quando ela estiver mais calma, posso, então, trazer a reflexão de que, em uma próxima situação, ela pode me procurar para colarmos juntas ou ela mesma pegar a cola. O ?engole o choro, que é só uma boneca? não é um bom caminho.

A criança está se desenvolvendo, criando recursos para lidar com a vida, inclusive com a frustração. Ajudá-la com isso é uma tarefa nossa como adultos, então lembre-se de começar dando importância para o que é importante para ela.

Juliana Panosso - Atendimento de crianças e adultos, orientação parental - presencial e online / CRP 06/143903 / Contato 16 98152 7143

Imagem: Canva

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